quinta-feira, 21 de maio de 2009

Censura À Imprensa X Censura Na Imprensa


Se ligue!

O golpe militar caiu como uma bomba sobre o jornalismo baiano. Não houve uma percepção dos acontecimentos e a cobertura foi muito fraca, segundo avalia o cientista político Paulo Fábio. Para ele, a imprensa entrou em um período de obscurantismo a partir dos anos 70.

A reação da imprensa baiana ás determinações imediatas oriundas da censura imposta pelo Ato Institucional Número 5 (AI-5) foi quase nula. A censura começou com a presença direta dos censores nos veículos. Depois, eles começaram a enviar apenas bilhetes e mais tarde somente davam telefonemas.
No início, havia uma certa lógica. Num primeiro momento, os fatos que eram censurados referiam-se a seqüestro de diplomatas estrangeiros, atos subversivos e tudo que cheirasse a oposição.Quanto a isto, Octacílio Fonseca, jornalista, relata que, quando ocorriam impedimentos, um censor ia à redação, a qualquer hora, porém mais comumente nos fins de tarde, e informava a proibição.

O censor se anunciava na portaria do jornal – no caso de Octacílio, na portaria do jornal "A Tarde" – e fazia a entrega pessoalmente de um documento, cuja cópia os jornalistas eram obrigados a assinar. A relação era muito seca, objetiva e o dono do jornal não podia fazer nada.Segundo o professor de Ciências Políticas da Universidade Federal da Bahia Israel Pinheiro, aqui na Bahia a situação dos veículos de comunicação era bem pior que nos outros Estados.Além da censura nacional, feita naturalmente pelo regime militar, havia a censura local.

Esta última era fruto do "Carlismo". Ou seja, tudo o que se quisesse veicular e não agradasse ao então governador Antonio Carlos Magalhães e aos seus aliados era vetado.Além disso, havia censura indireta. É uma censura típica dos regimes autoritários. "Alguém sabe que aquilo não pode ser escrito, então, ele próprio já cuida de se censurar.

Este é um exemplo de censura indireta" diz Israel. Isto justifica a restrição de linguagem e omissão de informações que passam a caracterizar a postura de alguns repórteres, em favor da segurança pessoal de cada um deles. Israel Pinheiro ainda complementa: "Quando notícias importantes eram vetadas, para que o espaço no jornal não ficasse em branco e para chamar a atenção de que aquilo foi censurado, eram publicadas receitas de bolo, textos banais e músicas.

O Correio da Manhã e o Estado de São Paulo, por exemplo, substituíram as notícias vetadas por versos de Camões. O Correio, inclusive, chegou a levar algum tempo fora de circulação." Muitos jornais, em sinal de protesto, circularam com espaços em branco.

Como dizia minha vó...
"Já pensou!"